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Como Sobreviver à Quarentena – Parte V

Este é o 5.º artigo que partilho no âmbito do tema “quarentena”.

Por ser o último, recordo as dicas que mencionei nos artigos anteriores.

Como dicas para sobreviver à quarentena, foi referido que devíamos ser resilientes, trabalhar a serenidade, a positividade, sobre desenvolvermos a nossa capacidade de empatia. Hoje, eis a última dica: venho falar-vos de coragem.

É certo que coragem devemos ter todos os dias. Aliás, a coragem é inata. Viver é um ato corajoso. São tantos os desafios que não podemos dizer que haja alguém que não seja corajoso. Claro que é. Claro que somos.

Mas, neste momento de quarentena, em que nos vemos privados da liberdade de sair, de estar com os nossos amigos, os nossos familiares, privados de trabalhar, privados de aproveitar o sol… privados de decidir não ir seja onde for, privados de decidir ficar em casa… É preciso coragem.

Curiosamente, a semana que se avizinha vai ser uma das mais desafiantes desde que iniciamos este isolamento social. Coincidência ou não, hoje falo-vos de coragem.

O que tem a ver?

Esta semana vai ser uma das mais importantes nesta fase da pandemia, porque esta não terminou. Quiçá ainda demore para terminar. Não posso argumentar sobre isso, pois não é de todo a minha área e o meu papel. Enquanto agente de saúde pública e na posição de falar com a comunidade sobre o tema, a minha posição é de seguir as recomendações da Direção Geral de Saúde, cumprir as normas, zelar por mim e pelos que me rodeiam.

Mas, na próxima semana, teremos de ter coragem para sair mais do que para realizar tarefas que suprimam as nossas necessidades básicas, como compras de mercearia ou farmácia. Para muitos portugueses, sair na próxima semana significará estar horas fora de casa e esperar voltar a casa saudável, tal como dela saiu.

Então, faz todo o sentido falar-vos de coragem.

Vamos ter coragem em:

  • Sair de casa com confiança de que tudo vai correr bem;
  • Não ficar o tempo todo a pensar no que pode correr mal;
  • Não ir trabalhar apenas de corpo. A mente precisa de estar presente;
  • Dar o melhor de cada um de nós no controlo da propagação do vírus.

Problemas relacionados com o stress ou ansiedade poderão acentuar-se, mas relembrem os sinais e antecipem com ferramentas de autocontrolo. Recorram aos exercícios de Mindfulness que já partilhei com vocês e que estão disponíveis para consulta a qualquer altura online.

Poderão ser dias de maior angústia, mas temos de ter coragem para voltar às nossas rotinas, interrompidas pelo vírus.

É necessário sair de casa para que não se criem problemas maiores, que nenhuma vacina poderá curar, como a pobreza e a desestruturação social em geral.

Aos empreendedores que voltam a abrir as portas das suas empresas, ainda que a receio, tenham coragem.

Aos trabalhadores que vão a medo, confiem na empresa, nos colegas de trabalho. Tenham coragem.

Aos pais, mães, avós que têm de deixar os seus filhos ou netos nas escolas, sem qualquer outra alternativa, de coração nas mãos, como se costuma dizer, tenham coragem.

A coragem é necessária a todos.

Retomando todas as dicas: vamos ser resilientes e adaptar-nos às novas circunstâncias, vamos encarar esta nova fase com serenidade e positividade. Vamos ser mais empáticos uns com os outros. Vamos ter coragem que tudo correrá o melhor possível.

 

Mas… enfim, o que é a coragem?

Muitas vezes é tida como virtude.

A coragem é, em suma, a capacidade de agir apesar do medo, do temor e da intimidação. Pode ser vista como bravura face a um perigo, como ousadia ou valentia.

Os desafios fazem parte da nossa vida, independentemente do tipo de pessoa que somos, e a coragem é o que nos leva a acreditar que seremos capazes de ultrapassar determinado obstáculo.

Faz-vos sentido que eu diga que as nossas emoções interferem na nossa capacidade de coragem?

As emoções são a base para as ações individuais.

Cada sentimento determina se teremos um comportamento positivo ou negativo.

O medo, por exemplo, pode salvar-nos de uma situação perigosa. Já por outro lado, pode bloquear-nos e fazer com que percamos oportunidades únicas. No entanto, o medo e a coragem não são incompatíveis. Não é preciso bloquear o medo para agir de forma corajosa. Devemos aprender a canalizar o medo de forma adequada, dando espaço a essa emoção.

Como podemos fomentar a coragem em nós mesmos?

  1. Confiar em nós:

Vamos relembrar todos os desafios que já ultrapassamos. Relembrar a trajetória da nossa vida e todas as conquistas, todas as metas alcançadas. Vamos relembrar que apesar de todos os desafios ao longo da vida, tivemos e temos a capacidade para nos transformarmos.

Ter consciência das nossas competências é o ponto de partida para saber que possuímos as qualidades e habilidades para enfrentar desafios com coragem.

  1. Superar as nossas limitações:

Todos nós temos algum tipo de limitação, seja ela de foro físico, emocional ou mental. É normal. Ou conhece alguém perfeito?

Com essa noção, podemos escolher agir vítima dessa limitação ou, pelo contrário, transformar essa limitação em motivação. É só pensar no que nos dá mais a ganhar ou mais a perder.

Se canalizarmos a nossa energia para superar barreiras internas, não vamos perder tempo a pensar nessas limitações e teremos muito mais disponibilidade e coragem para enfrentar o dia a dia, com ou sem desafios.

  1. Persistência:

Com persistência e perseverança, ter ideias firmes e constantes sobre o que queremos colocar em prática, apesar das dificuldades. Estas atitudes são determinantes para alcançar os nossos objetivos, não deixando o medo da mudança e o desânimo sobrepor-se à coragem.

  1. Ser positivo:

Pensar positivo, enumerando os nossos pontos fortes, as nossas vitórias, os pequenos sucessos, ajuda-nos a desenvolver a nossa coragem. Portanto, é essencial eliminar pensamentos e ambientes negativos.

  1. Ter ousadia:

Já dizia Charles Chaplin “perca com classe, vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve”. Ter ousadia é ter coragem. Vamos arriscar mais, começando pelas pequenas coisas.

  1. Treinar a inteligência emocional:

Já falei, nos vídeos anteriores, da importância de desenvolvermos a nossa inteligência emocional. Recordo que é uma capacidade que pode ser trabalhada, treinada.

Esta é uma das principais diferenças entre as pessoas que conseguem ultrapassar os seus limites, dobrar os seus desafios e alcançar as suas metas e a sua realização pessoal.

Compreender as nossas emoções é fundamental para saber geri-las e enfrentar as adversidades com coragem.

Confiar em nós mesmos depende do grau de autoconhecimento e de consciência de cada um.

Pessoas com inteligência emocional desenvolvida são bem-sucedidas, equilibradas, são pessoas que lideram as suas vidas e, consequentemente, pessoas mais felizes.

Com o treino da inteligência emocional aprendemos a usar as nossas emoções a nosso favor, a tomar decisões equilibradas e assertivas, a construir relacionamentos saudáveis, entre outras vantagens.

 

 

Concluo ainda, citando a escritora Martha Medeiros com a frase “toda e qualquer mudança é um avanço, um passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que tememos tanto o desconhecido”.

 

 

Vamos, portanto, recorrer à coragem para continuar a agir com responsabilidade, pensando em nós e nos outros, até efetivamente passarmos esta fase.

 

Antes de terminar quero relembrar que poderão rever todos os vídeos e ler cada tema aqui no site, também no Youtube, no canal da Clínica NirvanaMED ou do Instituto Excelência Mental e que os áudios continuarão disponíveis para poderem praticar os exercícios de Mindfulness, partilhados em alguns vídeos.

Estarei também disponível para esclarecer alguma dúvida e até debater alguns temas que se relacionem com a temática que nos trouxe até aqui por e-mail: catarina.arouca@nirvanamed.pt

Esta fase foi esclarecedora para perceber que nunca estivemos tão distantes e, ao mesmo tempo, tão perto uns dos outros.

 

Até breve,

Fiquem bem.

 

Dr.ª Catarina Arouca
Filósofa e Socióloga
Mindfulness Practitioner

 

Podem recordar os vídeos anteriores aqui:

Como Sobreviver à Quarentena – Parte III

 

Primeiramente, passo a recordar as dicas já partilhadas na Parte I desta sequência, para ajudar a ultrapassar este período de quarentena:

  • Resiliência;
  • Serenidade;
  • Empatia,
  • Coragem;
  • Perseverança.

No segundo artigo e vídeo falei-vos sobre como se tornarem mais resilientes.

Hoje vou falar-vos sobre a segunda dica: Serenidade. Sobre como mantermos o nosso controlo pessoal e emocional, afastando o stress e a negatividade, que nos atrapalham no nosso dia a dia, levando-nos à serenidade.

Tudo o que sentimos e presenciamos na nossa vida diária pode afetar-nos de forma positiva ou negativa.

O equilíbrio emocional é necessário para que consigamos ter uma vida mais saudável e produtiva. Este equilíbrio será responsável por processar, de forma mais adequada, cada sensação. Com ele, temos a capacidade de domínio sobre os pensamentos e ações, gerindo as emoções de forma mais racional e harmoniosa.

Este equilíbrio é responsável por manter a nossa saúde mental, mesmo em momentos mais difíceis e dolorosos, como pode estar a ser este de isolamento social, para muitos de nós.

O autoconhecimento é trabalhado a par deste equilíbrio que, para além de diminuir as crises de stress e ansiedade, também previne doenças psicossomáticas.

Para usufruirmos de uma vida mais plena é, então, fundamental desenvolvermos o nosso equilíbrio emocional. Mas como o podemos fazer?

  1. Parar, refletir, agir

Sabem o sinal STOP? Podemos aplicar o mesmo objetivo ao nosso controlo emocional, ou seja, vamos parar, refletir e, só depois, agir.

Durante um momento de extremo desequilíbrio, devemos parar para refletir sobre o que estamos a sentir e só depois agir.

No início não será fácil parar, pois agir é o processo que é automático para nós. A maioria das emoções leva-nos a agir de forma abrupta e irrefletida, até à explosão emocional.

Quando percebemos que a emoção é intensa e desagradável, devemos parar. Tal pode acontecer perante uma deceção, uma má notícia, uma privação, entre várias situações que podemos encontrar. Esta pausa permite-nos direcionar toda a nossa atenção para o movimento emocional que cresce dentro de nós e analisá-lo.

Se pararmos, interrompemos o automatismo em que estamos imersos e, como dita o Mindfulness, criamos a possibilidade de responder de forma diferente à habitual. Criamos o espaço entre nós e a emoção. Passamos para o lado do observador.

Partilho, em seguida, um exercício exemplo que podem colocar em prática:

Portanto, vamos relaxar.

Respirem profunda e lentamente, acalmem o corpo e a mente. Acalmem os vossos pensamentos.

Vamos analisar o que está a causar este transtorno em nós.

Vamos prestar atenção na nossa respiração e nas regiões do corpo em que a emoção mais se manifesta. Talvez pelas mãos cerradas, o coração acelerado, uma pressão no peito, uma tensão na barriga, a perna a abanar ou outro sinal.

Vamos respirar profundamente.

A respiração profunda vai permitir que nos acalmemos e permitir que nos conectemos com a nossa pessoa.

Vamos manter essas respirações até conseguirmos chegar ao objetivo de respirar 10 vezes num minuto. O que se não acontecer de uma primeira vez, não terá qualquer problema. Por vezes, o nosso estado, ansioso, enérgico ou stressado, não nos permite. Mas a meta será praticar e focar na respiração.

O áudio deste exercício sobre o controlo emocional e, outro, para ajudar a lidar com emoções difíceis, estão disponíveis aqui.

Vamos, portanto, parar, respirar e acalmar, para analisar de que forma podemos agir, dentro da opção mais saudável possível para nós. Vamos evitar responder no calor do momento, no auge da emoção, prevenindo a impulsividade e as atitudes irrefletidas.

 

  1. Permitir sentir as emoções

Todas as emoções são necessárias. Cada uma delas é valiosa na sua forma e dá-nos informações valiosas sobre nós mesmos.

Imaginem o nosso organismo como uma mala de viagem. Temos sempre pouco espaço, mas tudo o que é importante para nós, tem o seu espaço. As emoções, são as nossas peças, para que a viagem da vida aconteça. Nessa mala, que é o nosso corpo, a nossa mente, há espaço para todas as emoções, sejam elas a alegria, a calma, a raiva, o medo, a tristeza ou outras.

Muitas vezes, quando experienciamos emoções difíceis, podemos experimentar também sensações corporais: bater do coração acelerado, nó na garganta, tremores ou outros. As emoções também falam através do nosso corpo. Se nos acalmarmos, permitimo-nos aperceber-nos que elas existem.

A calma obtida pelo relaxamento com base na respiração, como o exemplo que referi anteriormente, permite-nos também acalmar e diminuir as sensações corporais.

Se nos permitirmos a sentir todas as emoções, permitimo-nos entendê-las e, consequentemente, expressá-las. Controlar as nossas emoções não significa reprimi-las. Se entendermos o que estamos a sentir, podemos analisar a origem de cada sensação e assumir o controlo das nossas ações.

 

  1. Procurar o autoconhecimento

É importante, para adquirir um equilíbrio emocional, que nos conheçamos a nós mesmos. Se nos conhecermos melhor, vamos controlar melhor as nossas emoções, fortalecer a autoconfiança, perceber que soluções temos e como podemos aplicá-las, de forma a sermos mais racionais.

Neste processo de autoconhecimento, acabamos por nos familiarizar com as emoções a um nível vivencial. Aprendemos, através da experiência direta com determinada emoção, o que ela nos causa ou que sensações, também corporais, nos traz.

Quando tomamos consciência da emoção que estamos a sentir, significa que conseguimos observá-la, sem julgamentos. Nesta fase do processo, aceitamos a emoção, em vez de a reprimirmos. Aprendemos a geri-la. A intensidade da emoção é reduzia aos poucos, o que nos permite separar dela. A emoção dissipa-se quando assumimos o controlo. Isto é, não basta ignorar a emoção para que esta desapareça. Desenvolvendo o nosso equilíbrio emocional, permitimos entendê-la, aceitá-la e racionalizá-la, levando a que esta desapareça de forma natural.

 

  1. Ser positivo

A positividade afeta todas as dimensões da nossa vida. O pensamento positivo é poderoso e, além de nos trazer alívio e conforto, motiva-nos à concretização dos nossos objetivos. Pensamentos tóxicos e pessoas ou locais negativos podem levar-nos à baixa da nossa positividade. Podemos promover a nossa capacidade de ser positivo, procurando ver o lado bom de cada momento, cultivando hábitos e momentos que nos proporcionam felicidade.

 

Em suma, uma atitude e uma vida mais serena implica o desenvolvimento do nosso equilíbrio emocional. A decisão sobre agir ou não em cada momento, exige a intenção de querer perceber se estamos a reagir sob uma emoção ou se teríamos a mesma ação, caso agíssemos com base na calma e numa atitude racional.

Portanto, se não for necessária uma resposta imediata, o conveniente será sempre esperar. Neste compasso de tempo, a emoção perde intensidade e conseguimos assimilar melhor a mensagem.

Uma emoção difícil pode transformar-se em serenidade e calma através de exercícios de Mindfulness, exercícios de Atenção Plena.

A prática deve ser diária, para que se torne uma constante pois, como já referi, o nosso modo automático leva-nos a reagir maioritariamente. Com o Mindfulness, conseguimos aprender a lidar com as nossas emoções, sem julgamentos, de forma presente, permitindo-nos a lidar com as várias dificuldades e/ou problemas do nosso quotidiano.

Tal como diz Marcelo Demarzo, médico e professor de Mindfulness, a prática regular de Mindfulness permite-nos experimentar as emoções e poder decidir de forma consciente, a partir das emoções presentes.

Praticantes de Mindfulness não reagem às emoções de forma imediata e inconsciente e; não permanecem presos a determinadas emoções durante horas ou dias, mas têm a capacidade de, em pouco tempo, focarem a atenção noutra atividade, o que permite também uma melhor gestão do tempo no dia a dia.

Spinoza, um grande filósofo do século XVII, corrobora a afirmação de que uma emoção difícil pode tornar-se mais leve com o passar do tempo, quando praticamos uma atenção plena sobre a mesma.

O filósofo, holandês, propôs-se a estudar os afetos, a fim de propor uma ciência para melhor os entendermos. Para ele, devíamos fortalecer os afetos alegres e enfraquecer os tristes, sem negá-los ou reprimi-los.

Para Spinoza, “um afeto que é uma paixão, deixa de ser uma paixão assim que formamos dele uma ideia clara e distinta”. O conhecimento é, para Spinoza, a ferramenta mais poderosa. Pois, se a mente é capaz de um pensamento racional, então ela é capaz de encontrar as verdadeiras causas do porquê de agirmos de determinada forma. Tudo se resume em como as nossas ações podem tornar-se mais fortes que as nossas paixões.

 

Entender os nossos afetos, as nossas emoções, os nossos sentimentos, leva-nos ao nosso equilíbrio emocional e, consequentemente, a uma vida mais feliz e serena.

 

Antes de terminar, recordo as três questões, que também partilhei no artigo e vídeo anteriores, para que as coloquem a cada dia que passa, nesta quarentena que teima em prolongar-se:

1) Do que tenho medo neste momento?

2) Pelo que estou grato hoje?

3) O que eu quero que fique no final deste período?

Coloquem-nas todas as manhãs e respondam de forma imediata. Assim, trabalham a gratidão e diminuem os vossos medos, possibilitando um maior controlo emocional.

 

Assista ainda ao vídeo:

 

Bibliografia de apoio:

SIMÓN, VICENTE (2014). Aprender a praticar mindfulness. Sello editorial, Barcelona.

DEMARZO & GARCIA-CAMPAYO (2015). Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena.

SPINOZA (2007). Ética Spinoza. Edição monolíngue. 2.ª ed. Trad. Tomaz Tadeu. Autêntica Editora, Brasil.

 

Veja ainda:

 

5 passos para desenvolver a sua autoconsciência emocional

5 passos para desenvolver a sua autoconsciência emocional

 

A autoconsciência emocional é uma dimensão da inteligência emocional.

A inteligência emocional é um conceito amplo que designa um conjunto de atributos, intrínsecos ao indivíduo, relacionados com a capacidade em reconhecer emoções em si e nos outros, saber regular as emoções e expressá-las adequadamente.

Na sociedade atual, a ausência de contacto físico e personalizado, em detrimento do uso excessivo de tecnologias e contacto à distância, tem contribuído para que, globalmente, se encontrem dificuldades ao nível da identificação e regulação emocionais. Se não estivermos cara a cara, a comunicação perde elementos-chave que são pistas para decifrar as emoções no outro. Se vivermos numa sociedade de permanentes estímulos e de gratificações imediatas, teremos dificuldade em saber esperar, lutar por objetivos e, consequentemente, dificuldade em lidar com a frustração.

Não é por mero acaso que em contexto empresarial seja cada vez mais considerada a inteligência emocional como fator de ponderação para o recrutamento. Um colaborador que saiba gerir as suas emoções será mais produtivo, envolve-se menos afetivamente, é menos permeável à interferência de fatores pessoais e lida melhor com a frustração.

Em contexto clínico, procuramos alertar para a importância dos aspetos emocionais e de que forma os podemos promover. Sim, porque todos, independentemente do sexo e idade, podemos melhorar a nossa inteligência emocional!

 

5 passos para desenvolver a sua autoconsciência emocional:

1 – Faça uma lista com todos os tipos de emoções e sentimentos que conheça.

Do ponto de vista conceptual, emoções e sentimentos são diferentes, mas para o comum do indivíduo pode ser difícil esta destrinça. Como tal, não se incomode com isso. Faça uma lista onde identifique todas as emoções e sentimentos que conheça. São muitas: umas mais positivas que outras, mas todas com funções adaptativas.

2 – Assinale na lista de emoções e sentimentos, aqueles que, habitualmente, costuma sentir mais e menos.

3 – Para cada uma das emoções e sentimentos, identifique uma situação ou experiência que, habitualmente, o/a faça sentir assim.

4 – Para cada emoção e sentimento, responda às seguintes questões: esta emoção ou sentimento interferem negativamente com a minha atitude e comportamento? Se sim, perante esta situação como costumam reagir os que me rodeiam?

5 – Se perceber que o que sente em cada uma das situações é negativo, terá que estabelecer um plano de ação. Para isso, em cada situação na qual reage negativamente, identifique pensamentos que surjam, outras formas de comportamento, outros pontos de vista sobre aquela situação, tente colocar-se no lugar do outro (empatia). Sempre que essas situações ocorram, lembre-se que pode pensar de forma diferente, adotando uma postura mais distanciada. Por vezes, o que acontece não é propositado, nem lhe é dirigido, pelo que não deve levar as situações negativas “tão a peito”.

 

marco
Marco Martins Bento
(Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta)

O que é uma emoção negativa?

“As nossas emoções são a consequência dos nossos pensamentos, sentimentos, das palavras que dizemos e das nossas ações!”

(António Ribeiro)

 

Neste sentido, existem as emoções positivas (bons pensamentos, boas ações, bons sentimentos, boas palavras) e emoções negativas (maus pensamentos, más palavras, más ações e maus sentimentos).

A isto tudo também podemos dar o nome de ENERGIA! Ou melhor, o nosso corpo Energético.

Emoções negativas são aquelas que são tóxicas para o corpo e interferem no seu equilíbrio e funcionamento harmonioso.

Medo, ansiedade, raiva, ressentimento, tristeza, rancor ou desgosto intenso, ciúme, inveja, tudo isto perturba o fluxo da Energia pelo corpo, afeta o coração, o sistema imunológico, a digestão, a produção de hormônios e assim por diante…

Até mesmo a medicina tradicional, que ainda sabe muito pouco sobre como o ego funciona, está a começar a reconhecer a ligação entre os estados emocionais negativos e as doenças físicas.

Uma emoção que prejudica o nosso corpo, também contamina as pessoas com quem temos contato e indiretamente, por um processo de reação em cadeia, um incontável número de indivíduos com quem nunca nos encontramos. Existe um termo genérico para todas as emoções negativas: “Infelicidade”.

Por causa da tendência humana em perpetuar emoções antigas, quase todo mundo carrega no seu campo Energético um acúmulo de antigas dores emocionais, que chamamos de “corpo de dor”.

O “corpo de dor” não consegue digerir um pensamento feliz. Ele só tem capacidade para consumir os pensamentos negativos porque apenas esses são compatíveis com seu próprio campo de Energia.

Não é que sejamos incapazes de deter o turbilhão de pensamentos negativos, o mais provável é que nos falte vontade de interromper seu curso. Isso acontece porque, nesse ponto, o “corpo de dor” está a viver por nosso intermédio, fingindo ser nós. Para ele, a dor é prazer! Ele devora ansiosamente todos os pensamentos negativos.

Nos relacionamentos íntimos, os “corpos de dor” costumam ser espertos o bastante para permanecer discretos até que as duas pessoas comecem a viver juntas e de preferência, assinem um contrato comprometendo-se a ficar unidas pelo resto da vida!

“Nós não nos casamos apenas com uma mulher ou com um homem, também nos casamos com o “corpo de dor” dessa pessoa”.

Pode ser um verdadeiro choque quando, talvez não muito tempo depois de começarmos a viver sob o mesmo teto ou após a lua-de-mel, vemos que o nosso parceiro ou nossa parceira começa a exibir uma personalidade totalmente diferente. A sua voz torna-se mais áspera ou aguda quando nos acusa, nos culpa ou grita connosco, em geral por uma questão de menor importância.

Nessa altura, podemos perguntar-nos se essa é a verdadeira face daquela pessoa, a que nunca tínhamos visto antes e se cometemos um grande erro quando a escolhemos como companheira(o). Na realidade, essa não é a sua face genuína, apenas o “corpo de dor” que assumiu temporariamente o controle.

Seria difícil encontrar um parceiro ou uma parceira que não carregasse um “corpo de dor”, no entanto, seria sensato escolher alguém que não tivesse um “corpo de dor” tão denso.

O começo da nossa libertação do “corpo de dor” está primeiramente na compreensão de que o temos, de que ele existe!

É a nossa presença consciente que rompe a identificação com o “corpo de dor”. Quando não nos identificamos mais com ele, o “corpo de dor” torna-se incapaz de controlar os nossos pensamentos e assim, não consegue renovar-se, pois deixa de se alimentar deles. Na maioria dos casos, ele não se dissipa imediatamente!

No entanto, assim que desfazemos a sua ligação com o nosso pensamento, ele começa a perder Energia.

A Energia que estava presa no “corpo de dor” muda a sua frequência Vibracional e é convertida em “Presença”.

lol

Sou um Terapeuta Holístico que vejo um ser humano como um TODO e compreendo e aceito perfeitamente tudo isto.

Nós somos o RESULTADO deste TODO e é lógico e racional que quando o nosso Corpo Energético não está bem, “Aura limpa”, todas as nossas vivências do dia a dia vão ser afetadas.

Se precisar de ajuda, contacte-me!
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António Ribeiro

Fundador da NirvanaMED, Hipnoterapeuta e Life & Mental Coach

O poder das palavras!

Se eu lhe disser que determinadas palavras têm determinados efeitos na nossa mente e corpo, você acredita?

Pode parecer estranho, mas, na verdade, nós reagimos, continuamente, aos estímulos que nos rodeiam e as palavras são um dos mais fortes estímulos, capazes de mudar a nossa disposição, ânimo ou energia.

Na essência disto está o facto da nossa mente procurar, em nosso redor, elementos que nos ajudem a compreender melhor o mundo em que vivemos, aqueles com quem nos relacionamos, e até mesmo a entender melhor a nossa maneira de ser. Assim, podemos ver a nossa mente como uma entidade que procura de modo ativo e permanente uma interpretação do que vê, sente, ouve ou perceciona.

As palavras são elementos da comunicação muito importantes e encerram em si, significados fundamentais por associação a experiências vividas. Por exemplo, alguém que esteja num processo de luto é natural que se sinta mais ativada por palavras relacionadas com a morte ou perda. Alguém que acabou de ser mãe ou pai é, habitualmente, mais ativado por palavras que se relacionam com a parentalidade, o nascimento, a conceção.

Ora, a capacidade de diferentes palavras nos remeterem para diferentes experiências leva-nos à expressão de determinadas emoções, tanto positivas como negativas. Este processo é comum e trata-se de um condicionamento, isto é, uma aprendizagem estabelecida entre uma vivência e uma semântica que remete para essa vivência. Este processo nada tem de atípico pois traduz uma forma de funcionamento mental caraterística de todos os seres humanos.

Mas (e há sempre um mas!), nem sempre este processo é saudável e, não raras vezes, pode tornar-se patológico na medida em que determinadas palavras com pendor mais negativo, tendem a ser sobrevalorizadas, remetendo o indivíduo para um estado de maior desânimo e angústia. Por exemplo, alguém que diga, com frequência, “eu não sou capaz”, vai integrar no seu inconsciente essa convicção de incompetência e incapacidade, reforçando um pensamento negativo que se reflete numa atitude derrotista e de desmotivação. Ao invés, um indivíduo que diga “sei que posso fazer melhor, e fá-lo-ei no futuro!”, vai fortalecer a crença de que tem competência e potencial para melhorar, alimentando uma convicção positiva e de persistência.

Em terapia, é fundamental analisar a narrativa dos pacientes, uma vez que, frequentemente, se encontra um padrão de palavras ou expressões que espelham mensagens que a sua mente tem integradas e que podem ser parte do problema que os traz à consulta.

Nesses casos, parte da intervenção passa pela mudança dos padrões comunicacionais com o incremento de novas palavras mais positivas, em substituição de anteriores expressões negativas e perpetuadoras de mal-estar.

O mundo da comunicação é fascinante e reflete o que vai na nossa mente!

Um forte abraço.

marco
Marco Martins Bento
(psicólogo clínico e psicoterapeuta)