7 estratégias para reduzir a ansiedade neste regresso às aulas
O mês de setembro chegou e com ele vem também o frenesim do regresso às aulas.
Este ano, por força da pandemia, o regresso às aulas traz novos desafios e é importante que pais e filhos se preparem da melhor forma.
Para os mais novos, voltar à escola, rever colegas e professores, retomar a rotina escolar é encarado como algo muito desejado, sobretudo num ano marcado por profundas mudanças com o ensino à distância. As crianças e jovens passaram muito tempo em confinamento e privados de contacto físico pelo que, agora, estão ávidos para retomar as suas atividades letivas e lúdicas.
Para os pais, o regresso às aulas pode não ser encarado da mesma forma pois, embora reconheçam a importância que o ensino presencial tem, é inequívoco que regressar à escola em tempos de pandemia pode representar expor os filhos a maior probabilidade de contágio.
É legítimo que pais e filhos se sintam ansiosos perante as atuais necessidades de saúde que implicam uma rotina adaptada com maiores cautelas e novos hábitos (usar máscara, maior distanciamento, higienização, etc.).
Se pretende reduzir a ansiedade que o regresso às aulas pode trazer, confira as seguintes estratégias:
1 – “Normalize” o medo e ansiedade.
Qualquer mudança ou transição, sobretudo em circunstâncias novas, trará ansiedade. Como tal, é normal que se sinta receoso por tudo o que poderá acontecer na escola, na forma como o seu filho vai lidar com as novas regras, novas rotinas, etc. Aceite que sentir medo perante o momento que vivemos é legítimo, é comum e poderá aprender a lidar com ele.
Não receie em falar abertamente sobre os seus medos com o seu cônjuge, familiares e amigos. Verá que outras pessoas passam pelo mesmo e terão testemunhos e opiniões importantes que poderão ajudá-lo a relativizar muitos dos seus medos.
Se o seu filho demonstrar medo em regressar às aulas, procure saber mais sobre o que o atemoriza, o que pensa sobre isso, e procurem, juntos, soluções para os diferentes problemas.
2 – Foque nas soluções e não nos problemas.
Ensine o seu filho a colocar maior atenção na procura de soluções e menos no problema em si. O objetivo é demonstrar sempre que cada problema possui diferentes formas para ser resolvido. Por exemplo, se o seu filho tiver medo em não fazer amigos estimule-o a encontrar diferentes formas para fazer/manter amizades. O mesmo se aplica a si. Se não observar novas alternativas peça conselhos, sugestões. Por vezes, quando se está fora do problema é mais fácil perceber as coisas de outras perspetivas.
3 – Antecipe o regresso às aulas, mas não antecipar o medo.
Em condições habituais, o seu filho estará expectante e desejoso em regressar às aulas. Falará mais sobre isso, quererá ir comprar novo material escolar, mostrará que tem planos para o novo ano, etc. Aproveite essas oportunidades para o motivar ainda mais, destacando sempre os aspetos mais positivos de, finalmente, poderem regressar ao ensino presencial. Não perca a oportunidade para ir antecipando algumas das novas rotinas. Mostre-se seguro e confiante na capacidade do seu filho cumprir as novas normas.
4 – Dê informação sem excessos.
Mantenha-se atualizado das recomendações da DGS e, em particular, do plano elaborado pela escola do seu filho. Muitas escolas têm definido normas muito específicas, para além das recomendações da DGS. Saiba tudo isso de antemão, selecione a informação mais importante e comunique gradualmente ao seu filho o que é esperado com o regresso às aulas. Não lhe dê demasiada informação ao mesmo tempo e vá dando oportunidade para a criança colocar as questões que entenda. Mostre sempre segurança e confiança.
5 – Limite o acesso aos noticiários ou fontes que induzam medo.
Os noticiários estão repletos de notícias sobre a pandemia e, muitas vezes, o tom alarmista apresentado deixa miúdos e graúdos com medo. Reduza o tempo em que a criança vê notícias e procure desmistificar algumas ideias mais assustadoras que possam ser passadas. Para os pais, o excesso de contacto com notícias sobre a pandemia poderá deixá-los inseguros.
6 – Assegure-se que terá forma de entrar em contacto com a criança
Reveja junto da sua escola qual a forma mais célere para entrar em contacto com o seu filho, em caso de necessidade. Se o seu filho puder usar telemóvel durante o recreio, defina um procedimento/rotina que seja tranquilizadora para pais e filhos. Por exemplo, ligar à hora de almoço para saber como correu a manhã, relembrar as recomendações e programar o período da tarde. Atenção, que estes contactos deverão ser feitos com moderação e por um tempo limitado para que não se crie dependência de parte a parte.
7 – Mantenha-se vigilante sem alarmismos
O retomar das atividades letivas, mudanças de escola, de turma, novos colegas, etc poderão trazer ansiedade para a criança. Além disso, a atual pandemia acarreta maiores níveis de stress na escola, pois alunos, professores e funcionários também terão que aprender a gerir as novas rotinas. Como tal é natural que o seu filho possa demonstrar receios, mostrar ligeiras alterações de comportamento ou humor. Isso não significa que as coisas estão a correr mal. São reajustes emocionais e comportamentais transitórios e normativos. Esteja atento, mas não valorize em demasia nas primeiras semanas. Dê oportunidade à criança que expresse as suas emoções e sentimentos, tranquilize-a. Se notar que as alterações emocionais e comportamentais se prolongam e não está a saber lidar com isso, procure ajuda especializada.
Marco Martins Bento
Psicólogo clínico e psicoterapeuta