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A atuação da Massoterapia Clínica no Stress

Muitos profissionais recorrem a várias técnicas de alongamento dos tecidos moles para diminuir a dor, dureza muscular e articular, bem como fazem uso também dessas técnicas, como uma estratégia para redução ou prevenção de stress físico ou emocional, bem como da fadiga muscular indesejada.

A flexibilidade é considerada para muitos autores de grande importância para os atletas, como poderia não ser para as pessoas sedentárias? Segundo Almeida e Jabur (2007), se a amplitude articular de determinada articulação estiver comprometida, alguma limitação ou patologia poderá manifestar-se e, consequentemente, comprometerá o desempenho desportivo, laboral ou de alguma atividade diária do quotidiano do ser humano. Os exercícios de alongamento e movimentos terapêuticos podem auxiliar a reestabelecer os níveis satisfatórios de mobilidade articular reduzindo o stress, as tensões musculares e dores articulares.

Numa pessoa fisicamente saudável, a amplitude de seus movimentos e articulações é influenciada pelos tecidos moles, ligamentos, tamanho dos músculos e tendões. Já em pessoas que apresentam limitações fisiológicas e patológicas, como, por exemplo, Tendinite, Osteoartrite, Fibromialgia entre outras, a problemática pode ser agravada por processos inflamatórios, baixa quantidade de líquido sinovial nas articulações, presença de corpos estranhos nas regiões afetadas e lesões nas cartilagens (ALMEIDA; JABUR, 2007).

As exigências da sociedade pós-moderna vêm modificando o estilo de vida natural dos indivíduos, podendo causar insatisfação, stress e cansaço de diferentes formas no organismo. A partir dessa observação, surgiu a seguinte questão: Como poderá a massagem clínica e o alongamento terapêutico, sendo um recurso natural, auxiliar, como forma de tratamento complementar, para aliviar o stress, melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos seres humanos?

A palavra stress já incorporada ao vocabulário, explicada no dicionário Houaiss (2009), como sendo uma “perceção de estímulos que provocam excitação emocional e, ao perturbarem a homeostasia do corpo humano, levam o organismo a disparar um processo de adaptação da secreção de adrenalina, com várias consequências sistémicas”. Estudos revelam que o stress tem sido indicado como um problema de saúde nas mais diversas classes de profissionais. (BARROS, 2014).

Pesquisas têm demonstrado que os benefícios da Massoterapia está relacionado com a liberação de hormónios durante e depois de uma sessão, ou seja, através da qualidade do toque, o profissional estimula o aumento dos níveis de dopamina, serotonina, endorfinas e ocitocinas, além de reduzir os níveis sanguíneos de cortisol, que geram a sensação de bem-estar, aliviando a dor e diminuindo a necessidade de medicação analgésica.

Os hormónios liberados durante uma sessão de massagem terapêutica proporcionam o alívio do stress, combate da tensão muscular, auxiliando no fluxo intestinal, estabilizando a pressão arterial e proporcionando o bem estar.

Segundo a Sociedade Cooperativa de Trabalho Médico (Unimed) – Rio (2013), o “stress é uma resposta normal e necessária do organismo a determinadas situações. É uma reação que independe da nossa vontade e tem características emocionais e físicas”. (s/p), Cujos sintomas são insónia, ansiedade, depressão, falha de memória, dificuldade de concentração, tiques nervosos, cansaço, irritabilidade, dores nas costas e no pescoço, coração disparado, pressão alta, azia, diarreia, gastrite, úlcera, enjoo, coceiras pelo corpo, resfriados frequentes, boca seca, dentre outros.

O stress é reconhecido como enfermidade profissional por várias organizações internacionais. “Estudos realizados em diversos países da América e Europa tem demonstrado que muitos profissionais estão sujeitos à deterioração progressiva da saúde física e mental” (MANTINS, 2007, p.125).

De acordo com investigadores de todo o mundo, os benefícios de exercícios de alongamento e das massagens podem servir para melhorar aptidão física, aumentar a capacidade de aprendizado e executar movimentos especializados, influenciar no relaxamento físico e mental, auxiliar para um maior desenvolvimento da consciência corporal, diminuição dos efeitos da menstruação dolorosa, maior flexibilidade devido à estimulação da produção de reações químicas que lubrificam os tecidos conjuntivos, podendo reduzir a dor muscular, a diminuição da tensão muscular e a redução do risco de lesões nas articulações, músculos e tendões (MANESCU, 2013).

Pinheiro e Góes (2010) dizem-nos que as manipulações do corpo humano com alongamentos terapêuticos podem aumentar a extensibilidade dos tecidos moles, podendo assim restaurar o comprimento muscular. Estes alongamentos podem produzir efeitos imediatos no corpo, e ainda complementam que, uma única sessão pode ser capaz de melhorar o desempenho muscular e a mobilidade articular dos tecidos, e que a técnica de alongamento e o posicionamento podem influenciar diretamente no nível de tensão muscular.

A escolha da temática surgiu por meio da observação do stress ocupacional e a interferência deste na saúde humana, nas mais variadas classes de trabalhadores, tendo em vista as inúmeras circunstâncias desgastantes presentes em seu quotidiano laboral que são evidenciados por sinais e sintomas orgânicos e físicos inespecíficos e em realidade pouco pesquisado pela ciência académica.

De acordo com o estudo ora realizado, foi possível observar que o uso da manipulação dos tecidos moles e dos alongamentos terapêuticos de forma clínica, parece influenciar no âmbito de bem-estar e desempenho com ações benéficas, tanto no fisiológico, psicológico como no emocional dos seres humanos. O relaxamento físico e mental, tranquilidade e a melhora na qualidade da ansiedade e da dor, segundo estudos observados, são evidenciados pela maioria dos usuários destas técnicas. Para muitos pesquisadores vários dos resultados obtidos em pesquisas práticas mostram que, a qualidade de vida e a saúde dos profissionais que receberam estes tipos de tratamentos estavam comprometidas gerando melhora significativa após a terapêutica aplicada.

Estudos apontam que as sessões de exercícios, usando como recurso a manipulação manual de tecidos moles e alongamentos, propiciam um período de tranquilidade prolongada. Conforme Pinheiro e Góes (2010) a manipulação manual e alongamento gera efeitos imediatos proporcionando bem-estar, diminuindo a ocorrência de doenças, o restabelecimento da biomecânica normal do ser humano repercutindo assim, nos níveis económico, social e na qualidade de vida.

Dessa forma, almejamos contribuir com a sociedade, ampliando o conhecimento e as possibilidades de aplicação dessa técnica naturalmente benéfica ao corpo, e que pode favorecer o equilíbrio natural do organismo por meio da Massoterapia Clínica.

 

Ailzo Carmo,
Massoterapeuta Clínico

Intervenção psicológica em hipertensos

O stress, traços de personalidade (sobretudo a inibição da hostilidade ou repressão de sentimentos), a ansiedade, a depressão e a alexitimia (dificuldade na expressão e/ou adequação emocional) são fatores psicossociais que desenvolvem, mantem e agravam a hipertensão.
Além da avaliação e intervenção médica e farmacológica, as investigações demonstram que na intervenção em hipertensos devem ser considerados os aspetos psicológicos no sentido de melhorar a sua qualidade de vida.
Concretamente, sabe-se que, em fases iniciais da doença, a intervenção psicossocial, por si só, pode ser suficiente para inibir o desenvolvimento da hipertensão.
Na psicologia, a intervenção deve centrar-se na mudança do estilo de vida, promoção de comportamentos positivos, redução de stress, promoção de competências sociais, estratégias de resolução de problemas e avaliação e intervenção na personalidade.
Do ponto de vista terapêutico, o treino de inoculação de stress e o relaxamento (nas suas diferentes vertentes) são as abordagens mais utilizadas.
Também usado, com regularidade, o treino de autocontrolo permite devolver ao indivíduo a responsabilidade pela adoção de comportamentos de saúde positivos.
Existem outras abordagens: o biofeedback, a terapia racional emotiva, as técnicas cognitivo-comportamentais. Qualquer uma destas terapias tem demonstrado ganhos na qualidade de vida dos hipertensos, através da melhoria do estilo de vida e mudança de comportamentos desadaptativos.
Identificar crenças associadas à hipertensão, discutir e analisar a lógica dessas convicções e encontrar pensamentos e comportamentos alternativos facilitam a adoção de atitudes positivas e que melhoram a condição do doente.
Importa destacar que a medicação antihipertensiva também acarreta efeitos indesejados, tais como fadiga, sonolência e dificuldade de concentração. Assim, encontrar formas alternativas de tratar a hipertensão, sobretudo em fases iniciais, é essencial.
A integração de terapêuticas psicológicas, associadas à mudança de hábitos alimentares e comportamentos aditivos (tabaco, álcool, etc) favorece, indubitavelmente, a vida de indivíduos hipertensos.
Na Clínica NirvanaMED tem ao seu dispor diferentes especialidades clínicas e holísticas que melhorarão a sua condição de saúde.
marco
Marco Martins Bento
(psicólogo clínico e psicoterapeuta)

Que fatores psicológicos agravam a hipertensão?

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco de doenças cardiovasculares que, por sua vez, representam a principal causa de morte nos países industrializados.
Com frequência a hipertensão arterial está associada a outras patologias como cardiopatias isquémicas, AVC’s e insuficiências cardíacas e renais.
Como, na maioria dos casos, a hipertensão é “silenciosa”, ou seja, não dá sintomas claros em fases precoces, importa estar vigilante quanto à sua deteção tão cedo quanto possível.
Em Portugal, cerca de 40% de indivíduos com mais de 40 anos são hipertensos.
Antes da hipertensão se instalar de forma mais grave, existe um período de desenvolvimento de picos de tensão que podem ser controlados e evitar uma hipertensão crónica.
Atualmente, sabe-se que são múltiplos os fatores que contribuem para a hipertensão. Os fatores genéticos e hemodinâmicos são os principais, todavia os aspetos psicossociais agravam a hipertensão.
Dentro dos fatores psicossociais, o stress e determinadas caraterísticas de personalidade são os que mais contribuem para o desenvolvimento e manutenção da hipertensão.
Indivíduos expostos a situações de stress estão mais propensos à hipertensão, sobretudo o designado stress social (situações em que a pessoa tem necessidade em exigir ser respeitada, tem que reivindicar os seus direitos e expressar sentimentos perante outras pessoas).

Quem tem maior tendência à hipertensão?
Os estudos demonstram que as pessoas menos afirmativas e que tendem a inibir as suas emoções estão mais propensas à hipertensão. De igual modo, os indivíduos mais agressivos, mas que inibem essa hostilidade, acumulam tensões e conflitos internos que se manifestam em alterações neuro endócrinas, com implicações na tensão arterial.
Em suma, do ponto de vista psicológico, pessoas mais inibidas emocionalmente, particularmente que reprimem emoções como a raiva, a ira, a hostilidade e ressentimentos, estão mais vulneráveis à hipertensão. Também a excessiva competitividade, elevado grau de empenho profissional e impaciência deixam as pessoas mais predispostas a stress e, consequentemente, agrava a possibilidade de hipertensão.

 
marco
Marco Martins Bento
(psicólogo clínico e psicoterapeuta)

Quando a ansiedade toma conta de nós.

Num meio tão exigente como aquele em que vivemos, o stress e a ansiedade tendem a estar presentes no nosso dia a dia.

Aliás, tal condição afeta, de modo significativo, tantas pessoas que muitas já nem sabem o que é viver sem se sentirem ansiosas, receosas e com medo.

Sentir ansiedade é perfeitamente normal. Não existe ansiedade apenas no mundo contemporâneo, ela (ansiedade) resulta de uma resposta emocional orgânica que é primitiva e que vem desde a origem dos seres vivos. Mesmo os animais sentem-se ansiosos!

O processo ansiogénico é consequência de um mecanismo adaptativo para nos colocar alerta e em vigília por forma a reagirmos mais rapidamente face a estímulos potencialmente perigosos à nossa sobrevivência. Por exemplo, se vir um leão à minha frente é expetável que me sinta ansioso e que o meu corpo se prepare para a fuga.

Isto é desencadeado pela emoção do medo, originada no nosso cérebro, e que envia sinais ao corpo para ter uma reação de fuga ou luta. Sempre foi assim e é tão natural como bebermos água.

A verdadeira dificuldade está quando este mecanismo de sobrevivência e ativação orgânica se encontra alterado, isto é, a nossa mente ao invés de reagir apenas a estímulos potencialmente perigosos passa a reagir a muitas outras situações do nosso quotidiano, provocando medo e ansiedade que interferem de modo significativo com a nossa vida.

Experiências emocionais traumáticas do passado, mal processadas pela mente, estão na origem do aparecimento deste medo desajustado e permitem manter a ansiedade, generalizando-a a diferentes estímulos, através de condicionamentos (aprendizagens) desadaptativos.

Como consequência, ocorre uma sobre ativação fisiológica (taquicardia, sudorese, tremores, tonturas e vertigens, …), cognitiva (pensamentos de incompetência ou perda de controlo, …) e comportamental (evitamento, isolamento, …) que, a médio prazo, o indivíduo passa a ter maior dificuldade em gerir.

É da dificuldade em controlar esta desregulação emocional, prolongada no tempo, com um grau de interferência elevado e com sintomas debilitantes, que surgem as perturbações de ansiedade.

Fique atento, pois, mais tarde, falarei sobre os tratamentos para a ansiedade que, comprovadamente, são eficazes.

 

marco
Marco Martins Bento

(psicólogo clínico e psicoterapeuta EMDR)