O poder das palavras!

Se eu lhe disser que determinadas palavras têm determinados efeitos na nossa mente e corpo, você acredita?

Pode parecer estranho, mas, na verdade, nós reagimos, continuamente, aos estímulos que nos rodeiam e as palavras são um dos mais fortes estímulos, capazes de mudar a nossa disposição, ânimo ou energia.

Na essência disto está o facto da nossa mente procurar, em nosso redor, elementos que nos ajudem a compreender melhor o mundo em que vivemos, aqueles com quem nos relacionamos, e até mesmo a entender melhor a nossa maneira de ser. Assim, podemos ver a nossa mente como uma entidade que procura de modo ativo e permanente uma interpretação do que vê, sente, ouve ou perceciona.

As palavras são elementos da comunicação muito importantes e encerram em si, significados fundamentais por associação a experiências vividas. Por exemplo, alguém que esteja num processo de luto é natural que se sinta mais ativada por palavras relacionadas com a morte ou perda. Alguém que acabou de ser mãe ou pai é, habitualmente, mais ativado por palavras que se relacionam com a parentalidade, o nascimento, a conceção.

Ora, a capacidade de diferentes palavras nos remeterem para diferentes experiências leva-nos à expressão de determinadas emoções, tanto positivas como negativas. Este processo é comum e trata-se de um condicionamento, isto é, uma aprendizagem estabelecida entre uma vivência e uma semântica que remete para essa vivência. Este processo nada tem de atípico pois traduz uma forma de funcionamento mental caraterística de todos os seres humanos.

Mas (e há sempre um mas!), nem sempre este processo é saudável e, não raras vezes, pode tornar-se patológico na medida em que determinadas palavras com pendor mais negativo, tendem a ser sobrevalorizadas, remetendo o indivíduo para um estado de maior desânimo e angústia. Por exemplo, alguém que diga, com frequência, “eu não sou capaz”, vai integrar no seu inconsciente essa convicção de incompetência e incapacidade, reforçando um pensamento negativo que se reflete numa atitude derrotista e de desmotivação. Ao invés, um indivíduo que diga “sei que posso fazer melhor, e fá-lo-ei no futuro!”, vai fortalecer a crença de que tem competência e potencial para melhorar, alimentando uma convicção positiva e de persistência.

Em terapia, é fundamental analisar a narrativa dos pacientes, uma vez que, frequentemente, se encontra um padrão de palavras ou expressões que espelham mensagens que a sua mente tem integradas e que podem ser parte do problema que os traz à consulta.

Nesses casos, parte da intervenção passa pela mudança dos padrões comunicacionais com o incremento de novas palavras mais positivas, em substituição de anteriores expressões negativas e perpetuadoras de mal-estar.

O mundo da comunicação é fascinante e reflete o que vai na nossa mente!

Um forte abraço.

marco
Marco Martins Bento
(psicólogo clínico e psicoterapeuta)