Uma questão de tempo
Um ano, doze meses e trezentos e sessenta e cinco dias, e todos os dias, sempre a mesma coisa, todos os dias sempre as mesmas escolhas. Levantar, pequeno-almoço, trabalho, almoço, trabalho, voltar para casa, estar com a família no tempo que resta, jantar, dormir, e o ciclo repete-se.
Porque acordas todos os dias? Qual é a tua paixão pelo que fazes? Pensa nisso. Se acordasses um dia e o dinheiro não tivesse significado, se não tivesses que pagar as dívidas e a renda, o que farias? Serias uma pessoa forte, um médico, um advogado, um nadador salvador, um estudante, uma pessoa sábia, uma criança, um idoso? Todos os dias há esta dúvida a propósito do nosso objetivo de vida e o que nos impulsiona para levantar e ir para o trabalho e estar com (e para) a família. Mas realmente, até que ponto fazemos as coisas para satisfazer o nosso chefe, os nossos pais, a sociedade?
Nós quebramos a nossa paixão como quem parte um espelho que reflete o nosso rosto, para satisfazer o estereótipo da pessoa perfeita. Não foram os outros que partiram o teu reflexo, não os culpes, foste tu! Tu escolheste separar algo que fazia parte de ti, tu escolheste seguir este caminho. Peça a peça, vai desaparecendo a tua paixão, o teu amor pelas coisas que gostas e que queres fazer da tua vida. E vai sendo substituída por um quadro negro, aquele quadro que tinhas medo quando a professora te chamava para responder a uma questão, desmascarando-te à frente de todos, fazendo-te sentir solitário, vulnerável e indefeso. E com isto, todos os sentimentos de felicidade, gratidão e amor são sobrepostos pelo medo.
E agora? Está na hora de mudar! Está na hora de entender a importância desta fase porque é uma das etapas mais importantes da tua vida: reencontrar quem somos física, psicológica, intelectual e energeticamente, de todas as maneiras possíveis, de forma a superar todos os obstáculos. Não tenhas medo do reflexo no espelho, pois esse és tu!
É uma questão de tempo, em que tu, a tua paixão, enterrada na lama, na escuridão como uma semente abandonada e esquecida, floresce para se tornar num lótus, equilibrado e feliz pela liberdade que conseguiu adquirir. Tudo isto, para acontecer, necessita de escolhas. E essas, és tu quem as faz.
Inês Gomes
(Terapeuta Manual)