A COVID-19 afeta a saúde mental de mais de 80% dos portugueses

Mãos de adulto e criança segurando o recorte de papel de cérebro de encefalografia, consciência de epilepsia e alzheimer, distúrbio de convulsão, conceito de saúde mental Foto Premium

Com base no questionário criado pelo Barómetro Covid-19, o Opinião Social, de periodicidade semanal, que tem como objetivo acompanhar a evolução das perceções, sob o ponto de vista do cidadão, apurou que o coronavírus está a afetar a saúde mental de mais de 80% dos portugueses.

Neste questionário que apreende sobre a perceção de risco, a confiança nas instituições, o cumprimento das medidas veiculadas, a resposta dos serviços de saúde, os impactos no seu quotidiano e na saúde mental, entre outros fatores, apurou que ao fim de 4 semanas e com 166.886 questionários respondidos, os portugueses estão a adaptar-se aos fatores diretamente relacionados com a Covid-19, mas a sentir dificuldades em gerir a vida quotidiana de confinamento em casa.

De acordo com os resultados do estudo, a perceção individual do risco de contrair COVID-19 sofreu uma alteração notória, com uma diminuição de cerca de 25% da proporção de pessoas que considera ter um “risco elevado” (Sem1: 20,6%; Sem4: 15,5%). Da mesma forma é evidente uma variação de mais 21% no grupo das pessoas que consideram ter um “risco baixo” (Sem1: 33,4%; Sem4: 40,3%).

A equipa de investigação considera que a adaptação das pessoas a uma nova vida em confinamento pode ser uma explicação para esta alteração. “Houve um grande esforço de todos para integrarem, nas suas rotinas diárias, novos comportamentos de proteção. Hoje em dia, com estas medidas mais rotinadas e com mais informação disponível sobre a Covid-19 e, as pessoas podem estar a sentir-se mais capazes e confiantes para gerir esta situação, percecionando um menor risco”, avança Sónia Dias, coordenadora científica do Opinião Social.

Por outro lado, explica também que para uma diminuição generalizada da perceção de risco individual em contrair COVID-19 pode estar explicado pelo aumento do nível de confiança na capacidade de resposta do governo e dos serviços de saúde. “Mesmo entre as pessoas que consideram atualmente ter um “risco elevado” de contrair COVID-19, a grande maioria está “confiante” ou “muito confiante” na capacidade de resposta do governo (83,9%) e na dos serviços de saúde (81,4%) à pandemia provocada pela COVID-19”.

Nervoso salientou aluna sentindo dor de cabeça estudando no café Foto gratuita

Sentimentos negativos

Apesar do nível de confiança na capacidade de resposta das entidades de saúde ter aumentado e a perceção de risco individual ter diminuído com o passar das semanas, a frequência com que as pessoas reportam sentir-se agitadas, ansiosas, em baixo ou tristes mantém-se constante ao longo das semanas, sempre com cerca de 80% a reportar já se ter sentido assim e de 9% a reportar senti-lo diariamente.

“Esta ansiedade pode estar mais ligada a aspetos de caráter individual e de gestão da vida quotidiana em casa, resultantes das medidas de confinamento, do que propriamente com os aspetos relacionados com a doença em si ou com a resposta das entidades de saúde. Pelo que importa fazer chegar às pessoas estratégias concretas para gerirem melhor a sua vida laboral em simultâneo com a vida familiar, por exemplo”, avança Sónia Dias.

Para lidar melhor com a situação, 80% dos inquiridos afirma a importância do contacto com os familiares e amigos, mesmo que à distância. Mais de metade procura manter rotinas e aproveita o tempo para pôr em prática os seus hobbies favoritos. Cerca de 45% afirma limitar ao máximo a quantidade de informação que lê sobre o vírus.

A saúde mental dos Portugueses

82% dos respondentes reportaram efeitos negativos na sua saúde mental. Para contornar a situação, alguns assumem praticar atividade física e realizar atividades que proporcionam prazer, para a gestão da ansiedade. Em contrapartida, verifica-se um possível aumento do consumo de comida calórica, tabaco e álcool.

As mulheres, as pessoas em teletrabalho e os trabalhadores que suspenderam a atividade profissional são os grupos que suscitam maior preocupação.

Os questionários, respondidos entre os dias 21 de março e 10 de abril mostram que um quarto dos respondentes considera sentir-se agitado, ansioso, em baixo ou triste “todos os dias” ou “quase todos os dias”. Também 55% dos participantes admite que se tem sentido assim “alguns dias”. São os homens quem menos reporta sentir-se ansioso ou triste. Aliás, 27% dos homens refere que “nunca” se sente assim, comparativamente a apenas 15% das mulheres.

As pessoas que se têm sentido mais ansiosas ou tristes apresentam menores níveis de confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde e também se sentem em maior risco de contrair COVID-19.

Homem jovem intrigado, segurando a testa enquanto se sente stress Foto gratuita

Verificou-se ainda que 38% dos inquiridos revela sentir-se mais agitado ou ansioso comparativamente com o período antes da COVID-19. Também quase um terço reporta problemas relacionados com o sono, 25% sente que não consegue fazer tudo o que tem de fazer e 23% diz estar sempre a pensar em COVID-19.

São os homens que mais frequentemente reportam não ter sentido nenhuma alteração em relação ao período anterior (25% dos homens, em comparação com 14% das mulheres).

Em suma, 82% dos respondentes sente pelo menos um dos possíveis efeitos negativos na sua saúde mental, desencadeado pelo período de confinamento, derivado da pandemia do novo coronavírus.

Não desvalorize a sua saúde mental

O Barómetro Covid-19 é um projeto de investigação da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, pretende contribuir, em tempo útil, aos desafios impostos pela pandemia global.

A equipa de investigadores por traz do projeto é multidisciplinar, composta por médicos de Saúde Pública e de Saúde Ocupacional, epidemiologistas, estatísticos, economistas, sociólogos, e psicólogos acompanham o desenvolvimento desta pandemia em Portugal e no Mundo, de diversas perspetivas.

Dada a importância que a saúde mental tem na vida de toda a comunidade, destacamos estes resultados como alerta deste período pandémico. As dificuldades sentidas podem ser amenizadas e merecem a sua atenção no imediato, a fim de tomar proporções mais incontroláveis.

Posto isto, procure por ajuda de profissionais qualificados para receber a melhor orientação possível.

Saiba que na Clínica NirvanaMED encontra profissionais dotados a recebê-lo, mesmo que online, empenhados em acompanha-lo nesta fase.

 

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