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Fasciite plantar

A fáscia caracteriza-se por ser uma lâmina aponevrótica que pode variar em dimensão e espessura, conforme a sua região e funcionalidade. Localiza-se em todas as regiões do corpo, principalmente, envolvendo os órgãos mais delicados. Pode ser dividida em 2 classes:

  • Fáscia fibroareolar ou fáscia superficial, é uma fina camada de tecido conjuntivo que tem por objetivo de fazer a ligação entre a pele e a fáscia mais profunda, estando assim localizada mais superficialmente;
  • Fáscia aponeurótica (aponeurose), ou fáscia profunda, é uma membrana espessa que se localiza mais profundamente, relativamente à fáscia fibroareolar. Envolve os músculos de forma a formar uma espécie de “lençol” que se insere sobre a inserção óssea do músculo em questão. Tem vários objetivos, sendo um deles a proteção muscular, separação muscular e dos órgãos, delimitação de certos movimentos e manter a integridade de estruturas.
    • Aponeurose de inserção: tal como nome indica, serve para a inserção dos músculos.
    • Aponeurose de revestimento: envolve para todo o membro, tal como para cada músculo individualmente.

De acordo com a informação referida, é possível identificar as diferentes porções da fáscia plantar, onde a fáscia superficial se divide em 3 porções conforme a sua região:

  • Aponeurose plantar medial
  • Aponeurose plantar interna
  • Aponeurose plantar externa

Que em conjunto originam uma membrana que tem origem na tuberosidade calcaneana (osso do calcanhar) até aos dedos.

Enquanto que a fáscia profunda, também designada de aponeurose interóssea, mantém uma relação com os músculos interósseos e com os ossos metatarsos, estando localizado desde o bordo interno do quinto metatarso até ao bordo externo do primeiro metatarso.

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A fasciite plantar caracteriza-se por ser uma inflamação dessa mesma membrana, apresentando dor na região do calcanhar ou ao longo da região plantar do pé, que diminui com o caminhar. A sua causa principal direciona-se ao uso de sapatos muito rasos ou muito altos levando a choques que comprometem a integridade do tecido, como também a alteração do formato do pé, podendo estar mais cavo ou plano/raso.

O tratamento desta patologia, inicialmente consiste na toma de anti-inflamatórios de forma a eliminar a inflamação aguda, no entanto, em alguns casos, não é suficiente, pois as alterações anatómicas do pé continuam a existir se se mantiver o uso de calçado inadequado ou se o exercício que provocou a fasciite. A avaliação de todos os ossos do pé é necessária, principalmente do cuboide, escafoide e astrágalo, que mantem a integridade dos arcos plantares, necessários para a distribuição do peso deforma equilibrada. Para além das estruturas ósseas, os músculos também têm a sua função neste caso, nomeadamente os gastrocnémios (Gémeos e solear) que enviam algumas das suas fibras tendinosas para a tuberosidade calcaneana, e comprometem a mobilidade do osso calcâneo, e também, os músculos interósseos e flexores dos dedos dos dedos.

O uso de sapatos confortáveis, palmilhas de gel (principalmente no caso de existência de uma perna curta), gelo e alongamentos da região plantar e gémeos.

As dores nos pés não devem de ser ignoradas, pode ser uma fasciite plantar, e como apresentam tantas relações anatómicas com as restantes estruturas, pode levar a várias compensações e a várias consequências, tal como:

  • Deformidade de Haglund: caracteriza-se por ser um crescimento ósseo no calcanhar;
  • Bursites: bolsas que contêm líquido sinovial com o objetivo de impedir a fricção e/ou o choque entre estruturas;
  • Tendinite do Tendão de Aquiles

Não esquecendo que os pés são das estruturas mais importantes do corpo humano, devido ao apoio podal, que influencia no equilíbrio e na postura ao logo do dia-a-dia.

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Inês Gomes
(Terapeuta Manual)