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Comunicação desde a barriga da mãe

Dentro da barriga da mãe, o bebé ouve os sons do mundo e vai reagindo a esses sons mexendo-se e dando pontapés. Começa aqui a querer comunicar e é, através desta comunicação, que inicia a relação de afeto com os pais.

Quando nasce, o bebé já reconhece e discrimina as vozes familiares, os ruídos ou a música de casa, que sempre ouviu quando estava na barriga da mãe. Pode demonstrar preferência pela voz da mãe e, por volta dos 4dias de idade, já será capaz de discriminar expressões emitidas na sua língua materna em detrimento de expressões emitidas numa língua estrangeira. Para além disso, irá interessar-se mais pelos sons falados do que pelos outros sons do ambiente. E irá preferir o maternalês, o uso de vocabulário simples, frases curtas, com articulação clara, mais entoação e expressividade.

É através do choro que comunica e ao qual podem ser dadas várias interpretações: fome, sono, dor, atenção, etc.

Entre o 1 e os 2 meses, o bebé começa a ser mais responsivo, conseguindo exprimir-se através de risos, guinchos ou sons guturais. Exprime o seu bem-estar, a sua satisfação, o gosto de estar em companhia dos outros.

Por volta dos 4 meses começa o palreio, os sorrisos, a mímica, o contacto ocular, a proximidade física, as diferenças de frequência e intensidade, ainda que com pouco conteúdo linguístico.

Nesta fase, o bebé já percebe a diferença entre ser chamado com uma voz suava ou ríspida, entre a mãe ter um sorriso aberto ou uma cara séria. Quando reconhece isso, responde com um sorriso, mexe as mãos ou faz birra.

Entre os 4 e os 8 meses começa a descoberta da boca: bolas de saliva, vibrar os lábios ou fazer “clics” na garganta. É capaz de repetir sons, sílabas, que a mãe ou o pai lhe dizem e anima-se perante um brinquedo, parecendo conversar com ele.

Aos 8 meses o bebé já adquiriu todas as competências básicas necessárias à comunicação, interação e estabelecimento de um diálogo.

Da comunicação vocal o bebé passa para a comunicação verbal ou linguística. Ou seja, a sua comunicação tem agora uma intenção, um conteúdo e um significado. Aparece o jargão infantil, em que o bebé usa sons, palavras e frases com diferentes frequências, parecendo que fala sozinho numa conversa estrangeira e sem sentido.

Reconhece o seu nome, olhando quando o chamam, reage ao “não” e é capaz de cumprir ordens simples.

A partir dos 12 meses, o bebé começa a dizer as primeiras palavras, sendo as rotinas diárias fundamentais para a sua aprendizagem. Começa a toar atenção aos objetos que o rodeiam dentro de cada espaço e a relacioná-los com uma palavra, objeto, ação ou sentimento.

A primeira palavra é sempre uma grande expectativa para os pais e, normalmente, é o nome de alguém, de algum objeto ou animal que a criança já ouviu muitas vezes e que está de acordo com os seus interesses e rotina diária. Quando a usa tem uma intenção ao fazê-lo e compreende o seu significado. Nem sempre é pronunciada de forma correta mas o essencial é que a criança continue a usar a fala acompanhada de gestos, para poder exprimir exatamente aquilo que pretende.

Sucintamente, todos os bebés passam por uma fase vocal, experimentando várias expressões faciais, mímica e vários sons, ainda sem intenção, e por uma fase verbal, na qual já produzem pequenas sílabas com significado, esperando ter um efeito na outra pessoa. Cada um tem o seu ritmo de desenvolvimento e, por isso, as idades apresentadas correspondem apenas a uma média.

 

A Terapeuta da Fala,

marco
Isabel Neves
Terapeuta da Fala (Cédula Profissional C- 046910174)

Semana da Amamentação (1 a 7 de agosto)

O leite materno é ideal para o crescimento e desenvolvimento do bebé, e possui numerosos benefícios durante os primeiros anos de vida, que perduram por toda a vida.

O leite materno possui as quantidades apropriadas de todos os nutrientes que o bebé precisa.

O leite materno é um alimento vivo, completo e natural que possui a composição nutricional perfeitamente ajustada às necessidades do bebé. Sofre alterações ao longo do tempo, respondendo à crescente exigência de nutrientes que ocorre com o crescimento.

Para além de nutrientes possui outras substâncias com capacidade imunomoduladora, bem como centenas de espécies de bactérias benéficas, tornando o leite materno inimitável.

Considerando-se a fisiologia do lactente, o leite humano possui a proporção e qualidade adequadas de gorduras, hidratos de carbono, proteínas, oligoelementos, eletrólitos e elementos de defesa, proporcionando, assim, vantagens nutricionais e imunológicas que contribuem para a redução da morbimortalidade infantil. Portanto, o aleitamento natural é o modo mais seguro de alimentação do lactente.

Outras das vantagens do leite materno são:

  • O leite materno está sempre fresco, à temperatura ideal, livre de bactérias e pronto para beber;
  • Contém anticorpos que melhoram o sistema imunológico, protegendo o bebé contra infeções;
  • É facilmente digerido;
  • É mais barato.
  • Não tem desperdício;
  • Diminui o risco de cancro de mama;
  • Promove maior ligação entre a mãe e o bebé. O bebé sente-se amado e protegido durante esse período importante da sua vida.

Para a mãe que amamenta pelo seio, as suas necessidades nutricionais são bastante semelhantes àquelas durante a gravidez.

Portanto, mesmo quando se quer perder peso, fazer uma dieta restrita não é recomendável para quem está na fase de amamentação.

Assim, ficam algumas dicas para as mães que amamentam o seu bebé:

  • Selecionar uma grande variedade de alimentos;
  • Beber bastantes líquidos, pelo menos 2 Litros de água (8 a 10 copos por dia), e beber água sempre que estiver com sede, principalmente durante a amamentação;
  • Aumentar para 5 porções por dia do grupo dos lacticínios;
  • Eliminar por completo o consumo de álcool, cafeína e tabaco. Essas substâncias passam para o leite e consequentemente para o bebé;
  • O estômago do bebé quando nasce é muito pequeno (do tamanho de uma bola de ténis de mesa). Por isso ele deve ser alimentado a cada duas ou três horas, em pequenas quantidades.
  • A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o bebé seja alimentado exclusivamente com o leite materno até os 6 meses de idade, desde que esteja crescendo e desenvolvendo dentro do padrão esperado.
  • A partir dos 6 meses deve-se começar a introduzir novos alimentos, sem necessariamente abandonar a amamentação, que pode se prolongar até os três anos de idade.

Assim depois dos 6 meses, vem o desmame. E o desmame é a transição da amamentação para a alimentação sólida ou semi-sólida, e deve ser feito de maneira gradativa para que o organismo aprenda a receber outros alimentos além do leite materno, amadurecendo o sistema digestivo. É importante que seja feito com cuidado, para que a criança adquira bons hábitos alimentares.

O desmame deve começar pela introdução de papinhas de frutas. As papinhas podem ser oferecidas nos intervalos das mamadas.

 

O tamanho da porção é o bebé que determina, e essa refeição deve ser completada com a mamada, logo em seguida da papa, e não o contrário. Depois de duas a quatro semanas, quando o bebé já tiver se adaptado bem à nova alimentação, podem ser introduzidas as papas salgadas, inicialmente só no almoço, e depois, quando a criança já tiver substituído totalmente a mamada por essa refeição, também no jantar.

Durante o desmame, o leite materno pode substituir a sobremesa, que deve ser introduzida mais tarde, conforme o hábito da família. É muito importante que durante essa fase de adaptação e durante os dois primeiros anos de vida a criança tenha a oportunidade de conhecer a maior variedade de alimentos possível e disponível para a família.

Só assim a criança poderá desenvolver a sua perceção (textura, sabor, odor, cor, temperatura, etc.), as suas preferências e fazer escolhas saudáveis no futuro.

 

 

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Rœben Pinheiro
(Nutricionista, C.P. 3248N.)