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Quando a ansiedade toma conta de nós.

Num meio tão exigente como aquele em que vivemos, o stress e a ansiedade tendem a estar presentes no nosso dia a dia.

Aliás, tal condição afeta, de modo significativo, tantas pessoas que muitas já nem sabem o que é viver sem se sentirem ansiosas, receosas e com medo.

Sentir ansiedade é perfeitamente normal. Não existe ansiedade apenas no mundo contemporâneo, ela (ansiedade) resulta de uma resposta emocional orgânica que é primitiva e que vem desde a origem dos seres vivos. Mesmo os animais sentem-se ansiosos!

O processo ansiogénico é consequência de um mecanismo adaptativo para nos colocar alerta e em vigília por forma a reagirmos mais rapidamente face a estímulos potencialmente perigosos à nossa sobrevivência. Por exemplo, se vir um leão à minha frente é expetável que me sinta ansioso e que o meu corpo se prepare para a fuga.

Isto é desencadeado pela emoção do medo, originada no nosso cérebro, e que envia sinais ao corpo para ter uma reação de fuga ou luta. Sempre foi assim e é tão natural como bebermos água.

A verdadeira dificuldade está quando este mecanismo de sobrevivência e ativação orgânica se encontra alterado, isto é, a nossa mente ao invés de reagir apenas a estímulos potencialmente perigosos passa a reagir a muitas outras situações do nosso quotidiano, provocando medo e ansiedade que interferem de modo significativo com a nossa vida.

Experiências emocionais traumáticas do passado, mal processadas pela mente, estão na origem do aparecimento deste medo desajustado e permitem manter a ansiedade, generalizando-a a diferentes estímulos, através de condicionamentos (aprendizagens) desadaptativos.

Como consequência, ocorre uma sobre ativação fisiológica (taquicardia, sudorese, tremores, tonturas e vertigens, …), cognitiva (pensamentos de incompetência ou perda de controlo, …) e comportamental (evitamento, isolamento, …) que, a médio prazo, o indivíduo passa a ter maior dificuldade em gerir.

É da dificuldade em controlar esta desregulação emocional, prolongada no tempo, com um grau de interferência elevado e com sintomas debilitantes, que surgem as perturbações de ansiedade.

Fique atento, pois, mais tarde, falarei sobre os tratamentos para a ansiedade que, comprovadamente, são eficazes.

 

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Marco Martins Bento

(psicólogo clínico e psicoterapeuta EMDR)