O que importa mais: terapia ou terapeuta?

Há uma questão particularmente curiosa e para a qual muitos estudos foram já realizados: em que medida a eficácia de uma abordagem terapêutica se deve mais às estratégias específicas dessa intervenção do que a aspetos individuais do terapeuta ou da relação entre este e o paciente?

Poderão dois terapeutas integrados na mesma abordagem terapêutica provocar a mesma capacidade de mudança no paciente?

A verdade é que se tem encontrado que as técnicas subjacentes a determinadas epistemologias e práticas psicoterapêuticas são bons indicadores de ajustamento para a resolução de um determinado problema (dependendo da intervenção e da problemática).

Ainda assim, mais que isso, evidencia-se que a qualidade da relação estabelecida entre paciente e terapeuta é um ótimo preditor do êxito da terapia.

Desse modo, o vínculo estabelecido assenta numa aliança terapêutica que permite um compromisso, implicando, mutuamente, o paciente e o terapeuta. De um lado, o paciente sente-se compreendido, acolhido, ouvido/escutado e amparado, e do outro lado, encontra um especialista que lhe garante um porto seguro e o orienta com estratégias que conduzem à sua capacitação, autonomamente. É como se recebêssemos um pássaro ferido, ajudássemos a curar, mas simultaneamente, o ensinámos e preparássemos para regressar à sua vida, livre, plena e capaz, por si só!

Apesar de sabermos que há diferentes terapias empiricamente validadas, isto é, que demonstra grande eficácia e por isso são recomendadas em dadas problemáticas, queremos fazer notar que a relação paciente-terapeuta, assente na confiança, empatia, disponibilidade e sensibilidade, determina o modo como o paciente se conecta à terapia, se dedica à persecução do processo e segue em direção à resolução das suas dificuldades.

Na Clínica NirvanaMED temos uma equipa de profissionais disponíveis para o esclarecer na tomada de decisão de um processo terapêutico consciente e adaptado.

Conte connosco.

Um abraço fraterno.

marco
Marco Martins Bento
(psicólogo clínico e psicoterapeuta)

A Comunicação Negativa Atrai Relações Tóxicas

Certamente já ouviu falar em “relações tóxicas”.

Não é um termo técnico, ainda assim, é um jargão que facilmente depreenderá, daí que seja cada vez mais recorrente usar-se para caraterizar os relacionamentos que não acrescentam nada de bom às nossas vidas.

Já pensou quantas relações destas tem? E já refletiu acerca de como tem alimentado estes relacionamentos?

São questões complicadas, reconhecemos, de qualquer modo é fundamental que procure compreender porque motivo estes relacionamentos são perpetuados, ao invés de se afastar daquilo que o magoa.

Não há, a este respeito, respostas infalíveis. Sabemos que são muitos os aspetos que condicionam a manutenção de determinadas relações.

Se considerarmos a comunicação como um elemento central nas interações e, sobretudo, no estabelecimento de vínculos afetivos, podemos apontar as emoções, ou fundamentalmente, a dificuldade em geri-las corretamente, como um catalisador para o surgimento ou agravamento de conflitos que tornam a comunicação negativa e desgastante.

Em momentos de tensão, alturas privilegiadas de desregulação emocional, é comum estarmos menos aptos a interpretar corretamente as mensagens, conduzindo a um enviesamento da informação. Isto constitui, por si só, um ciclo vicioso se alimentado por um interlocutor que tenderá a reagir do mesmo modo.

Costuma dizer-se que uma discussão somente acontece se existirem pelo menos dois intervenientes que alimentam, mutuamente, um padrão de comunicação desajustado.

Do mesmo modo, as relações tóxicas, caraterizadas por estilos comunicacionais agressivos ou manipuladores, punitivos e castradores, apenas são mantidos se ambos quiserem e contribuírem para tal.

A comunicação positiva e assertiva é uma postura afirmativa que traz o respeito por si e pelos outros, limita a influência que os demais querem ter sobre a sua vida e faz de si uma pessoa mais confiante e segura.

 

marco
Marco Martins Bento
(psicólogo e psicoterapeuta).

Quando a ansiedade toma conta de nós.

Num meio tão exigente como aquele em que vivemos, o stress e a ansiedade tendem a estar presentes no nosso dia a dia.

Aliás, tal condição afeta, de modo significativo, tantas pessoas que muitas já nem sabem o que é viver sem se sentirem ansiosas, receosas e com medo.

Sentir ansiedade é perfeitamente normal. Não existe ansiedade apenas no mundo contemporâneo, ela (ansiedade) resulta de uma resposta emocional orgânica que é primitiva e que vem desde a origem dos seres vivos. Mesmo os animais sentem-se ansiosos!

O processo ansiogénico é consequência de um mecanismo adaptativo para nos colocar alerta e em vigília por forma a reagirmos mais rapidamente face a estímulos potencialmente perigosos à nossa sobrevivência. Por exemplo, se vir um leão à minha frente é expetável que me sinta ansioso e que o meu corpo se prepare para a fuga.

Isto é desencadeado pela emoção do medo, originada no nosso cérebro, e que envia sinais ao corpo para ter uma reação de fuga ou luta. Sempre foi assim e é tão natural como bebermos água.

A verdadeira dificuldade está quando este mecanismo de sobrevivência e ativação orgânica se encontra alterado, isto é, a nossa mente ao invés de reagir apenas a estímulos potencialmente perigosos passa a reagir a muitas outras situações do nosso quotidiano, provocando medo e ansiedade que interferem de modo significativo com a nossa vida.

Experiências emocionais traumáticas do passado, mal processadas pela mente, estão na origem do aparecimento deste medo desajustado e permitem manter a ansiedade, generalizando-a a diferentes estímulos, através de condicionamentos (aprendizagens) desadaptativos.

Como consequência, ocorre uma sobre ativação fisiológica (taquicardia, sudorese, tremores, tonturas e vertigens, …), cognitiva (pensamentos de incompetência ou perda de controlo, …) e comportamental (evitamento, isolamento, …) que, a médio prazo, o indivíduo passa a ter maior dificuldade em gerir.

É da dificuldade em controlar esta desregulação emocional, prolongada no tempo, com um grau de interferência elevado e com sintomas debilitantes, que surgem as perturbações de ansiedade.

Fique atento, pois, mais tarde, falarei sobre os tratamentos para a ansiedade que, comprovadamente, são eficazes.

 

marco
Marco Martins Bento

(psicólogo clínico e psicoterapeuta EMDR)